segunda-feira, 21 de maio de 2012

COMO VOCÊ COME? EU COMO COM A CABEÇA!!!


      Há muito tempo ouço o ditado popular que diz “eu como com os olhos”, eu entendo perfeitamente este ditado, não é porque sou boa de interpretação, mas neste caso aí eu consigo absorver bem, não posso ver uma comida que desejo que ela seja minha, e claro, quanto mais bonita a comida, mais desejamos tê-la e quanto mais tem, mais comemos. Mas, desta vez foi diferente, o ditado aqui não coube muito bem.

     Cheguei à casa da minha mãe e vi uma carne descongelando, perguntei para ela que carne era aquela e ela disse que era uma carne de javali, da mesma que tinha feito há algum tempo e eu não gostei. Ela disse ainda, que aquela carne que estava ali descongelando era para ser levada para a mãe do “digníssimo” (homem que mora com minha mãe e que não é meu padrasto, se for preciso falo disto em outra ocasião). Respondido a minha pergunta me recolhi aos meus aposentos para tomar banho e esperar o almoço.

     Quando cheguei à cozinha para almoçar perguntei para minha mãe que carne era aquela que estava na panela de pressão e o “digníssimo” logo gritou de lá dizendo que tinha vários tipos de carne: costela, cupim e lingüiça. Coloquei dois pedaços de carne no meu prato, mas achei toda aquela situação meio duvidosa porque no meio daquilo tudo poderia estar a tal carne de javali e eu me negava a comer aquela carne de novo. Mesmo assim, pus a comida no prato e fui me sentar para comer.

    No caminho entre a cozinha e só sofá da minha residência passei pelo local onde estava descongelando a carne de javali, mas como eu estava muito preocupada com a carne que estava no meu prato não reparei se a carne que eu desejava que não fosse aquela cozida no meu prato ainda estava no mesmo lugar do descongelamento.

     Eu sabia que além do digníssimo dizer, minha mãe também listou para mim quais carnes tinham sido cozidas, mas por alguns momentos pensei que minha mãe tivesse me enganando, se eu penso assim é porque ela faz isto comigo desde que eu era bem mais bem mais nova e fazia isto de me enganar para ver se eu comia algumas coisas que eu não gostava, uma delas era por beterraba bem cozida no meio do feijão, ela dissolvia e deixava o feijão bem vermelho, eu então suspeitava e ficava inquirindo minha mãe, mas ela dizia que era porque o feijão era de uma marca nova e tinha acabado de ser cozido, até que um dia eu descobri que a marca nova significava beterraba que eu detestava comer. Mas, agora não dava mais para minha mãe me enganar assim né, já to bem velhinha para isto.

     Mesmo com a dúvida, sentei-me para almoçar, mas cada vez que eu olhava para aquela carne me dava uma sensação ruim, comecei a cheirar a comida para ver se tinha o cheiro forte da carne em questão, comi um pedacinho junto com o arroz e feijão, parecia bom, mas o problema era minha cabeça que queria me convencer que aquilo não era um cupim e sim um javali morto. Eu não me prendia muito ao paladar ou ao cheiro, quem tava comandando tudo era meu cérebro, ele mandava mensagem para meu estômago para rejeitar a comida, que comer aquela carne podia apresentar um grande risco para a minha integridade estomacal.

     Comecei a imaginar a cena, duas semanas depois em outro almoço de domingo com a família toda, minha mãe contando para minha irmã que tinha me enganado e que eu tinha comido javali sem nem perceber. Aí é que meu estômago começou a embrulhar mesmo, já estava quase me vendo passar mal, eu já não sentia fome e a quantidade de colheres que encaminhava a boca com a carne era cada vez menor.

    Não sei porque somos assim, capazes de comer algo e depois que sabemos o que é termos vontade ou mesmo vomitar tudo; de perdermos a fome só de se imaginar comendo algo que não gostamos e que achamos nojento; o bicho pode ser feio, esquisito, porco sei lá mais o quê, mas a carne pode ser boa, o “prato” pode ser bonito, pelo menos isto é a teoria que meu paladar e meu olho comandam, mas meu cérebro entende diferente e acho que me estômago é comandado por ele, porque eu realmente acabei comendo somente um dos pedaços de carne que coloquei no prato.

    Então voltei lá na cozinha da minha mãe e disse para ela que tinha colocado dois pedaços de carne no prato, mas que eu só tinha comido um pedaço. Toda aquela situação mexeu tanto com meu estômago, ou será que foi com minha cabeça?! Bom não sei, o que sei que nem coloquei o prato na pia para lavar, larguei lá tudo com minha mãe e fui saindo, daí sabe com quem eu encontrei?! Sim, com ele mesmo, o javali descongelante, neste momento eu não sabia se ria ou chorava, afinal de contas, eu estava mega feliz por não ter comido o javali, mas estava super triste por não ter almoçado do tanto que eu queria e precisava para matar minha fome, tudo isto porque meu cérebro traiu meu paladar.

















Um comentário:

  1. Essas situações só acontecem, porque nossas mães teimam em nos enganar para comermos o que acham que devemos comer.

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